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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Foi assim: «Eu, Tu, Nós e ... Fernando Pessoa»

No dia 13/12, na Livraria Ler Devagar, com o Fernando Pessoa e seu poema do Menino Jesus (Poema VIII, do Guardador de Rebanhos):


 










A próxima sessão vai ser no dia 14/2/2017, à mesma hora e no mesmo local.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Foi assim ... o V Encontro

Hoje fomos nove ao todo, contando comigo: oito mulheres e um homem, com idades entre os 58 e os dezanove anos. Cinco pessoas pela primeira vez. As outras três já somos frequentadoras assíduas ... :-)... Vieram de mais longe duas amigas professoras que viajaram desde Rio Maior até ao nosso Encontro. De Lisboa éramos três. Do outro lado da ponte ( a Ponte 25 de abril; ou será antes deste lado da ponte? ... de onde escrevo eu este apontamento?) eram quatro: duas daquela zona (entre Almada e a Costa da Caparica) e duas de Sesimbra. Tudo isto soubemos uns dos outros através de loco e axiogramas, na fase de aquecimento que foi também a da apresentação entre todos os presentes. Dizer o nome dançando e do que gostam de fazer foi outra proposta feita ainda nesta fase: cada um dizia o seu nome e do que gostava e o grupo reproduziu o nome e os gestos, a ação de cada um.

Como forma de criar alguma confiança no grupo fizemos também o jogo da "Floresta mágica" e ainda um "Pie Chart" sobre "Eu sou único/a que ..."

Nesta passagem entre o "aquecimento" e a "ação", uma fase de transição, passámos depois à questão "o que o trouxe a este encontro?" ou, melhor ainda, "o que trouxe para este encontro?" - questão lançada enquanto cada um caminhava pela sala ao som de uma música africana (1). O desafio era encontrar uma palavra ou uma personagem que melhor expressasse e simbolizasse a resposta à questão colocada. Surgiram várias respostas possíveis: o principezinho, a curiosidade, o encontro, a Mafaldinha e a sua curiosidade, a Bela Adormecida, o Bart Simpson e o seu ser desajeitado, a procura da adequação, a procura de respostas mais competentes, ... Cada um foi convidado a atuar a sua personagem na interação com os outros, enquanto eu ia entrevistando os personagens no seu papel.

Seguiu-se um momento semelhante em que a questão foi: "o que procuro?". As palavras usadas para exprimir o que cada um procura foram: a felicidade, a partilha, a sinceridade, a coerência, a luz, a inspiração ("Captain, my Captain!" - a importância de pessoas inspiradoras para os mais novos), as respostas adequada aos desafios do dia a dia, ... Depois da partilha, o grupo foi convidado a fazer estátuas, estáticas ou dinâmicas, sobre a palavra que cada um tinha dito - uma de cada vez. O "autor" da palavra começava e os outros juntavam-se-lhe da forma que sentiam mais adequada.

Tendo em conta o que cada um procura, o que cada um precisa, e pensando num sonho, ainda em embrião, o da realização de um encontro de um dia inteiro (2), o grupo foi então convidado a "sonhar" esse encontro. Mais uma vez se partiu  do movimento, passeando pela sala cada um foi convidado a exprimir o seu desejo, o seu sonho e o seu contributo para esse encontro. Foi aí que surgiram palavras e personagens, postas em ação simultaneamente e interagindo umas com as outras, como a inspiração (e a necessidade de encontrar figuras de referência para os mais novos, para os jovens), o futuro (e a sua construção), a imaginação (e a necessidade da utopia, como horizonte, que nos faz caminhar, mas que se vai sempre afastando; ou o "Pelo sonho é que vamos", de Sebastião da Gama), a divulgação (o contar a outros o que aqui se passa, o como nos sentimos bem, o passar a palavra), o corpo (e a sua importância para nos sentirmos vivos, para sermos o que somos), partilha, ...

Na fase da partilha, primeiro a partir das personagens, cada um explicitou a razão da sua escolha e como se situava face à ideia da realização de um encontro, envolvendo outros projetos, outras pessoas que consideram haver mais a considerar na educação, que há muito mais a ter que ser equacionado e posto em ação quando se fala da educação dos mais novos, quando se fala do futuro. Foi consensual a ideia de ir ao encontro de outras pessoas, de sensibilizar outros/as, de criar redes, laços entre pessoas que procuram formas mais humanistas de estar nas escolas e nos projetos em que estão envolvidas ...

A conversa seguiu, durante o lanche partilhado e com um convidado que só poe vir para esse momento. Ficámos de pensar, de amadurecer ideias ...

Foi muito bom! Muito obrigada a todos/as que vieram. Já valeu a pena aqui chegar! "É longo o caminho que temos pela frente..." ... :-) ... mas muito saboroso, digo eu ... ;-)

Margarida Belchior
25/01/2015

Nota:
(1) - E como tudo tem um contexto social e cultural, o atual momento que se vive a nível mundial depois dos crimes efetuados em Paris, no Charlie Hebdo, e das tensões que d'aí emergiram, escolha das músicas para este encontro tiveram uma intenção, a de ser de culturas diferentes, músicas de outros que queremos conhecer e sentir: "Só se gosta do que se conhece!". São as partilhadas aqui abaixo.

(2) - Uma sincronicidade: enquanto eu andava a pensar propor um encontro de dia inteiro entre as pessoas dos vários projetos que se têm cruzado nestes encontros; uma destas participantes enviou-me uma mensagem dizendo que andava a pensar num encontro entre projetos que tivessem uma forma diferente de estar na educação. Foi por isso que neste encontro havia já um tema a ser proposto ao grupo de participantes que nele se juntaram.

(3) - Aqui ficam as músicas utilizadas intecionalmente neste encontro, numa perspetiva democrática e multicultural:





quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Foi assim o IV Encontro

Encontrámo-nos num grupo de quatro e foi com entusiasmo que, embora fôssemos um grupo reduzido, abraçámos este "encontro". Fomos "aquecendo" à volta de um cafezinho e da conversa sobre as iniciativas que têm decorrido na Quinta da Estrela.

Aquecidas com a boa conversa, na sala começámos por partilhar, em "pie charts", o que nos tinha levado até àquele encontro. Foram vários os motivos apontados: partilhar e sentir-se bem; a partilha e a curiosidade; a curiosidade, o conhecer novas pessoas, a introdução de espaços diferentes no dia-a-dia, de descontração; a criação de um espaço de encontro entre pessoas que se preocupam com a educação.

E através da associação livre de ideias e palavras, o grupo chegou decidiu pela importância do "brincar", mesmo entre os "crescidos". Assim foi pedido que ao deslocarmo-nos pela sala, ao som de música, nos fôssemos relembrando personagens de contos infantis que tivessem sido significativas na infância de cada uma. As personagens que foram surgindo foram: a menina caracolinhos de ouro e os três ursinhos; a Pipi das meias altas e o seu cavalo "Velhote e o Garfield; a Heidi, o seu amigo Pedro e a sua história; as fadas e bruxas.

Passámos então à ação e dramatizámos duas das histórias: "as fadas e bruxas" e a "menina caracolinhos de ouro".

Começámos por dramatizar "as fadas e as bruxas" com base na história da Bela Adormecida: uma rainha dá à luz uma princesa, que as fadas boas, bem como a fada má, foram visitar, expressando os seus votos: votos de saúde, de paz, bem estar, felicidades, mas também de cuidado com o mal, com o medo, a necessidade de estar atenta para não se deixar iludir, caso isso acontecesse a bebé acabaria por se picar num espinho e adormecer num sono profundo até que um príncipe a viesse despertar. Cada uma experimentou mais do que um papel, ou seja, houve "troca de papéis". E também viajámos no tempo: passados os 100 anos, apareceu o príncipe surgiu para despertar a bela princesa, para a amar. Prevaleceram valores como o amor, a beleza e a confiança.

Alguns comentários sublinharam a capacidade que cada uma afinal tem para também fazer de "fada má" (de bruxa) e como nesse papel se fica cheia de energia, de poder.

Ainda houve tempo para se dramatizar a história da «Menina Caracolinhos de Oiro e os três ursinhos». Houve também "troca de papéis" e dramatizámos ainda outros desfecho para a história: os ursinhos e a menina acabaram sentados à mesa, partilhando o lanche existente. Isto depois de uma outra versão do final, em que a menina tinha acordando assustada, foge porta fora da casinha dos ursos e eles ficam muito tristes por terem perdido a oportunidade de fazer uma amiga.

Na partilha final foi sublinhado por todas a importância de momentos como aquele que estávamos a viver, de momentos de brincadeira, de faz de conta, para nos sentirmos bem enquanto pessoas, na sua globalidade.

A fada boa faz os seus votos para a bebé que vai nascer

A fada má e a fada boa na expressão dos seus votos.

Uma fada boa a expressar os seus votos.

A menina caracolinhos de ouro experimenta a cama grande, a cama média e  cama pequena dos ursinhos.

Quando os ursinhos chegam a casa e vêm tudo mexido.
 
Os ursinhos lancham com a menina e tornam-se todos amigos.



domingo, 12 de outubro de 2014

Foi assim ... o III Encontro

Hoje, no III Encontro estiveram presentes cinco pessoas - duas "novas" e três "antigas" (duas professoras do 1.º CEB, uma educadora de infância, uma professora do secundário e uma instrutora de yoga para crianças). Tudo sobre a "relva" da nova sala da quinta da estrela, que se tem vindo a transformar gradualmente num local muito acolhedor. Um grupo intergeracional, com idades compreendidas entre os 31 e os 58 anos. No início deste encontro foram realizadas algumas dinâmicas de aquecimento que serviram também para nos apresentarmos umas às outras: as idades, o número de filhos de cada uma e os locais preferidos, surgiram exatamente dos axiogramas e do locograma efetuados. Também foi com o recurso a estas técnicas que foi dada continuidade à conversa sobre o cansaço do final da semana, que se tinha iniciado ainda sob a soleira porta.

Tudo intervalado com muita música e "passeios" pela sala para tornar bem presente o que cada uma sentia através do seu corpo.

Para que emergisse a temática da sessão, pedi para que cada uma pensasse numa situação que tivesse motivado a sua ida hoje ao grupo, que pedi fosse desenhada numa folha de papel (com pastel ou canetas de feltro). Surgiram ideias e temas muito diferentes: "um local de paz e amor para todos", incluindo as crianças - um amor e uma cabana; uma "clareira" para respirar e ajudar a viver no meio da confusão; o quentinho d'"A energia" do sol e o cansaço que vai secando as flores do jardim; o local da quinta e as suas árvores - a "Vida"; "o caminho" que queremos percorrer, mas que nos leva a nossa zona de conforto em direção ao desconhecido, ..., Imagens estas que foram associadas a ideias de bem estar para todos, de tranquilidade. Colocando os desenhos num lado da sala (o futuro) e as participantes do outro (no presente), situando-as no "caminho" a percorrer para chegarem à situação ideal (o futuro), perguntei-lhes o que as impedia de aí chegar. As respostas foram: a vontade, a falta de energia, o querer, ... Pedi então para que em grupo fizessem três estátuas, uma para cada etapa do percurso: o início, o meio e a proximidade da chegada. Em cada estátua pedi a cada uma que dissesse uma palavra de como se sentia e que tentasse ter uma visão do conjunto. Na primeira estátua havia uma desarticulação entre os membros: existia uma ponte, uma corredora em desequilíbrio, acompanhada de alguém que a ia puxando-a para trás, mas também com alguém que a sustentava, que era como que a sua fundação, o seu pilar.


 A segunda estátua tinha uma maior articulação interna: alguém que se lançava para a futuro, mas apoiada e protegida pelos restantes elementos do grupo. Na terceira estátua os elementos do grupo formaram uma corrente, com os vários elos entrelaçados entre si, em que uma ponta resistia ao andar para a frente, puxava o grupo para trás, e a outra estava quase a chegar ao futuro.


Fomos então tentar perceber o que nos assusta, o que nos faz medo ao sairmos da nossa zona de conforto em direção ao futuro. Cada uma falou dos seus medos: a doença, a perda, a subsistência, a falta de energia. Colocando os medos numa cadeira vazia, pedi a cada uma que falasse, dissesse aos seus medos o que desejava no momento. Os restantes membros foram convidados a amplificar o que cada uma tinha a dizer aos seus medos. Houve quem os reconhecesse, quem lhes virasse as costas, quem os conhecesse muito bem e até percebesse como eles lhe foram úteis; houve ainda quem se quisesse afastar para os olhar de longe e quem ao aproximar-se deles dizia até que sentia que eles deixavam de ser medos, que fazem parte de si, da sua vida, ou ainda que quisesse bater com força na madeira, "uma obsessão" que pode levar à loucura; houve ainda corpos que se contraiam provocando um aperto no peito, e que precisavam de se distender respirando fundo... vários membros do grupo foram fazendo de "duplos", foram amplificando o que estava a ser dito, e a forma como estava a ser dito. Acabámos com um momento de dança do grupo perante os medos.
Nesta sequência, do outro lado da sala foi colocada uma outra cadeira, onde cada uma foi convidada a sentar um ser / entidade que a ajudasse a lidar/viver com os medos. Surgiram várias árvores, a semente ou o grão de arroz, o chamã. Cada uma foi convidada a encarnar essa personagem, em simultâneo. Em seguida o grupo teve oportunidade de experimentar encarnar cada uma das personagens, à vez.
Seguiu-se o momento de partilha: falou-se das dificuldades de expressão e de estar em grupo perante um grupo de adultos e de como essas dificuldades ali tinham sido ultrapassadas; de como estes encontros são momentos de pausa e distanciamento de um quotidiano sugador, momentos de inspiração e expiração, para ganharmos forças para o que se passas à nossa volta; afinal temos tanta coisa em comum uns com os outros e como tudo está tão ligado e às vezes vivemos de forma tão isolada; como o que nos entra pela casa dentro, as guerras, as epidemias (o ébola), nos provocam medo, mesmo se não nos afetam diretamente, nem a nós nem aos nossos; como conseguimos encontrar recursos que estão ao nosso alcance para nos ajudar a lidar com os nossos medos.
Para encerrar foram ainda propostas e relizadas mais duas dinâmicas: a "pie chart" com a questão "sou único porque ...", e ainda jogo da "floresta mágica".

11/10/2014
Margarida Belchior

sábado, 6 de setembro de 2014

Foi hoje: II Encontro (breve síntese)

Hoje aconteceu o "II Encontro: Professores e Educadores, que futuro construímos hoje?" na Quinta Estrela. Formámos um grupo de dez pessoas: professores (a trabalhar em contexto escolar e em projetos vários; uns com vontade de conhecer novas coisas, outros com vontade de mudar de atividade), educadores em contextos diversos (yoga para crianças, associações culturais, projetos de intervenção em escolas, ...).  Depois do "aquecimento" do grupo, com locogramas diversos e alguns jogos, seguiu-se o momento de escolha do contexto e temática a trabalhar: cada participante partilhou as suas inquietações, preocupações, desejos ou sonhos, com um par. Seguiu-se uma partilha sintética em grande grupo. A escolha da temática a ser abordada foi feita através de uma sociometria: "Qual a temática que mais tocou cada um?". Foi eleita «a educação de "crianças diferentes"». Começou então a construção de uma "história" pelo grupo. Primeiro as personagens: uma mãe solteira com dois filhos, um obeso, gozado pelos colegas na escola, outro, em vias de ser medicado, com problemas de comportamento, pelos quais a mãe é frequentemente chamada à escola; duas professores, uma de cada um das crianças; uma professora de natação; um cavalo, de um dos filhos; uma médica pedopsiquiatra; e ainda um colega de escola das crianças. A ação começou por se desenrolar na escola (apesar de nada ter sido combinado nesse sentido): a mãe foi lá deixar os dois filhos, cada um deles entregue à sua professora. Houve uma intensa interação entre os alunos e as professoras, com intervenções do colega que não perdia uma oportunidade para humilhar o menino obeso. A professora deste foi tentando, infrutiferamente, que ambos os alunos se entendessem - as agressões verbais entre um e outro pareciam não ter fim (papéis muito bem desempenhados). A outra criança alheou-se completamente da professora, fazia riscos desconexos no quadro enquanto a professora não parava de "gritar": "Esta criança é impossível!! Não faz nada do que lhe mando fazer!" A ação era intensa - estavam todos muito "aquecidos". Enquanto isso a professora de natação esperava pelos seus alunos e o cavalo procurava fazer-se notado. A médica pedopsiquiatra aguardava no seu consultório pelos seus pacientes. Parada a ação, foi lançado o desafio de voltarem a fazer uma cena como se estivessem numa escola ideal, em que as "crianças diferentes" fossem acolhidas, integradas, com as suas potencialidades e as suas fragilidades. Para isso o grupo disse que a professora que gritava tinha que deixar de gritar, o colega que humilhava o colega obeso tinha que o tratar de forma diferente. Regressando aos papéis e à cena, todos num desempenho mais tranquilo de acordo com o que o grupo dissera anteriormente, a mãe dispensou a médica pedopsiquiatra, pois considerou que esta já não era necessária.
Chegou então a hora da mãe levar os seus filhos à natação. E logo depois a de andar a cavalo. Atividades diferentes, deram origem a diferentes formas de estar, gerando mesmo a interajuda entre irmãos: um tinha medo de mergulhar na piscina, o outro de montar o cavalo. Apoiaram-se mutuamente.

Na fase final, a da partilha, foram ditas algumas coisas interessantes: fazer o papel de uma professora que grita com os alunos, está relacionado com as professoras que algumas pessoas tiveram na infância, com os seus modelos, mas também com a recusa destes; ser uma criança que humilhava outra foi uma forma de se vingar de uma criança que humilhava o seu filho; perceber a importância do suporte emocional de um adulto, uma vez que a mãe não se encontrava na escola...  Sobre a sessão no seu conjunto, foi referido: como é bom voltarmos a estar no lugar das crianças e a fazer como elas, voltar a recordar o que é ser criança; como é importante haver espaços como este onde nos possamos expressar e comunicar, falar sobre o que nos preocupa; esta é uma forma muito interessante de nos pôr a pensar no que fazemos a partir do que experimentamos a partir da expressões dos nossos corpos ... Todos saímos satisfeitos e felizes da sessão,  com vontade de nos voltarmos a encontrar: o próximo encontro já ficou combinado para o dia 11 de outubro.


6 setembro 2014
Margarida Belchior