domingo, 7 de setembro de 2014

III Encontro - Professores e Educadores: Que futuro construímos hoje?

Dia: 11 / 10 / 2014, 15h

«Sê a mudança que queres ver no mundo.» Gandhi
 

Foi com este pensamento de Gandhi que encerrámos o II Encontro "Professores e Educadores: que futuro construímos hoje?". Neste encontro, o grupo decidiu debruçar-se sobre a educação de "crianças diferentes". A educação daquelas crianças que, por uma razão ou outra, são humilhadas pelos colegas, têm comportamentos disruptivos e dificuldades de integração, crianças cujo aproveitamento escolar fica aquém dos outros, da média, do que é considerado como "normal", ..., a lista podia nunca mais acabar ... Pode encontrar AQUI uma breve síntese do que aconteceu neste dia.

Estes encontros têm também sido espaços de "ENCONTRO" entre pessoas, com sonhos, desejos, inquietações e preocupações diversas, pelo que tem ficado a vontade de nos voltarmos a encontrar, de ir estreitando os laços entre aqueles que ainda agora começámos a conhecer. Vamos assim tecendo e fortalecendo esta "rede", que é aberta, sempre pronta a integrar quem venha pela primeira vez: por isso, mesmo que não tenha estado em nenhum dos encontros anteriores, pode vir participar no próximo, agendado para o dia 11 de outubro. Pode também trazer outro amigo/a, como cantava o inspirador Zeca Afonso: "Traz outro amigo, também".

A designação "educador/a" é aqui usada no sentido o mais amplo possível - no sentido em que todos somos de alguma forma e em algum momento educadores, quer na forma como nos relacionamos uns com os outros, quer no modo como nos preocupamos com as questões da educação (não apenas escolar), na atualidade.

Tal como no encontro anterior, também neste encontro serão utilizadas metodologias baseadas no sociodrama.

Data e horário: 11 / 10 / 2014 (sábado), 15h00 às 18h30 (incluindo um tempo de lanche partilhado).

Local: Quinta da Estrela, Areeiro, Costa da Caparica (consulte o mapa abaixo).


Metodologias: Serão utilizadas metodologias que se fundamentam no sociodrama.


Pequeno lanche: com o que cada um quiser levar para partilhar.

Dinamizadora: Margarida Belchior

Inscrição: Preencha AQUI o formulário.

Contribuição: 5 €.

Nota: Qualquer dúvida ou questão podem ser colocadas através do mail - belchior.margarida@gmail.com




Ver Quinta da Estrela num mapa maior

sábado, 6 de setembro de 2014

Foi hoje: II Encontro (breve síntese)

Hoje aconteceu o "II Encontro: Professores e Educadores, que futuro construímos hoje?" na Quinta Estrela. Formámos um grupo de dez pessoas: professores (a trabalhar em contexto escolar e em projetos vários; uns com vontade de conhecer novas coisas, outros com vontade de mudar de atividade), educadores em contextos diversos (yoga para crianças, associações culturais, projetos de intervenção em escolas, ...).  Depois do "aquecimento" do grupo, com locogramas diversos e alguns jogos, seguiu-se o momento de escolha do contexto e temática a trabalhar: cada participante partilhou as suas inquietações, preocupações, desejos ou sonhos, com um par. Seguiu-se uma partilha sintética em grande grupo. A escolha da temática a ser abordada foi feita através de uma sociometria: "Qual a temática que mais tocou cada um?". Foi eleita «a educação de "crianças diferentes"». Começou então a construção de uma "história" pelo grupo. Primeiro as personagens: uma mãe solteira com dois filhos, um obeso, gozado pelos colegas na escola, outro, em vias de ser medicado, com problemas de comportamento, pelos quais a mãe é frequentemente chamada à escola; duas professores, uma de cada um das crianças; uma professora de natação; um cavalo, de um dos filhos; uma médica pedopsiquiatra; e ainda um colega de escola das crianças. A ação começou por se desenrolar na escola (apesar de nada ter sido combinado nesse sentido): a mãe foi lá deixar os dois filhos, cada um deles entregue à sua professora. Houve uma intensa interação entre os alunos e as professoras, com intervenções do colega que não perdia uma oportunidade para humilhar o menino obeso. A professora deste foi tentando, infrutiferamente, que ambos os alunos se entendessem - as agressões verbais entre um e outro pareciam não ter fim (papéis muito bem desempenhados). A outra criança alheou-se completamente da professora, fazia riscos desconexos no quadro enquanto a professora não parava de "gritar": "Esta criança é impossível!! Não faz nada do que lhe mando fazer!" A ação era intensa - estavam todos muito "aquecidos". Enquanto isso a professora de natação esperava pelos seus alunos e o cavalo procurava fazer-se notado. A médica pedopsiquiatra aguardava no seu consultório pelos seus pacientes. Parada a ação, foi lançado o desafio de voltarem a fazer uma cena como se estivessem numa escola ideal, em que as "crianças diferentes" fossem acolhidas, integradas, com as suas potencialidades e as suas fragilidades. Para isso o grupo disse que a professora que gritava tinha que deixar de gritar, o colega que humilhava o colega obeso tinha que o tratar de forma diferente. Regressando aos papéis e à cena, todos num desempenho mais tranquilo de acordo com o que o grupo dissera anteriormente, a mãe dispensou a médica pedopsiquiatra, pois considerou que esta já não era necessária.
Chegou então a hora da mãe levar os seus filhos à natação. E logo depois a de andar a cavalo. Atividades diferentes, deram origem a diferentes formas de estar, gerando mesmo a interajuda entre irmãos: um tinha medo de mergulhar na piscina, o outro de montar o cavalo. Apoiaram-se mutuamente.

Na fase final, a da partilha, foram ditas algumas coisas interessantes: fazer o papel de uma professora que grita com os alunos, está relacionado com as professoras que algumas pessoas tiveram na infância, com os seus modelos, mas também com a recusa destes; ser uma criança que humilhava outra foi uma forma de se vingar de uma criança que humilhava o seu filho; perceber a importância do suporte emocional de um adulto, uma vez que a mãe não se encontrava na escola...  Sobre a sessão no seu conjunto, foi referido: como é bom voltarmos a estar no lugar das crianças e a fazer como elas, voltar a recordar o que é ser criança; como é importante haver espaços como este onde nos possamos expressar e comunicar, falar sobre o que nos preocupa; esta é uma forma muito interessante de nos pôr a pensar no que fazemos a partir do que experimentamos a partir da expressões dos nossos corpos ... Todos saímos satisfeitos e felizes da sessão,  com vontade de nos voltarmos a encontrar: o próximo encontro já ficou combinado para o dia 11 de outubro.


6 setembro 2014
Margarida Belchior