Hoje aconteceu o "II Encontro: Professores e Educadores, que futuro construímos hoje?" na Quinta Estrela. Formámos um grupo de dez pessoas: professores (a trabalhar em contexto escolar e em projetos vários; uns com vontade de conhecer novas coisas, outros com vontade de mudar de atividade), educadores em contextos diversos (yoga para crianças, associações culturais, projetos de intervenção em escolas, ...). Depois do "aquecimento" do grupo, com locogramas diversos e alguns jogos, seguiu-se o momento de escolha do contexto e temática a trabalhar: cada participante partilhou as suas inquietações, preocupações, desejos ou sonhos, com um par. Seguiu-se uma partilha sintética em grande grupo. A escolha da temática a ser abordada foi feita através de uma sociometria: "Qual a temática que mais tocou cada um?". Foi eleita «a educação de "crianças diferentes"». Começou então a construção de uma "história" pelo grupo. Primeiro as personagens: uma mãe solteira com dois filhos, um obeso, gozado pelos colegas na escola, outro, em vias de ser medicado, com problemas de comportamento, pelos quais a mãe é frequentemente chamada à escola; duas professores, uma de cada um das crianças; uma professora de natação; um cavalo, de um dos filhos; uma médica pedopsiquiatra; e ainda um colega de escola das crianças. A ação começou por se desenrolar na escola (apesar de nada ter sido combinado nesse sentido): a mãe foi lá deixar os dois filhos, cada um deles entregue à sua professora. Houve uma intensa interação entre os alunos e as professoras, com intervenções do colega que não perdia uma oportunidade para humilhar o menino obeso. A professora deste foi tentando, infrutiferamente, que ambos os alunos se entendessem - as agressões verbais entre um e outro pareciam não ter fim (papéis muito bem desempenhados). A outra criança alheou-se completamente da professora, fazia riscos desconexos no quadro enquanto a professora não parava de "gritar": "Esta criança é impossível!! Não faz nada do que lhe mando fazer!" A ação era intensa - estavam todos muito "aquecidos". Enquanto isso a professora de natação esperava pelos seus alunos e o cavalo procurava fazer-se notado. A médica pedopsiquiatra aguardava no seu consultório pelos seus pacientes. Parada a ação, foi lançado o desafio de voltarem a fazer uma cena como se estivessem numa escola ideal, em que as "crianças diferentes" fossem acolhidas, integradas, com as suas potencialidades e as suas fragilidades. Para isso o grupo disse que a professora que gritava tinha que deixar de gritar, o colega que humilhava o colega obeso tinha que o tratar de forma diferente. Regressando aos papéis e à cena, todos num desempenho mais tranquilo de acordo com o que o grupo dissera anteriormente, a mãe dispensou a médica pedopsiquiatra, pois considerou que esta já não era necessária.
Chegou então a hora da mãe levar os seus filhos à natação. E logo depois a de andar a cavalo. Atividades diferentes, deram origem a diferentes formas de estar, gerando mesmo a interajuda entre irmãos: um tinha medo de mergulhar na piscina, o outro de montar o cavalo. Apoiaram-se mutuamente.
Na fase final, a da partilha, foram ditas algumas coisas interessantes: fazer o papel de uma professora que grita com os alunos, está relacionado com as professoras que algumas pessoas tiveram na infância, com os seus modelos, mas também com a recusa destes; ser uma criança que humilhava outra foi uma forma de se vingar de uma criança que humilhava o seu filho; perceber a importância do suporte emocional de um adulto, uma vez que a mãe não se encontrava na escola... Sobre a sessão no seu conjunto, foi referido: como é bom voltarmos a estar no lugar das crianças e a fazer como elas, voltar a recordar o que é ser criança; como é importante haver espaços como este onde nos possamos expressar e comunicar, falar sobre o que nos preocupa; esta é uma forma muito interessante de nos pôr a pensar no que fazemos a partir do que experimentamos a partir da expressões dos nossos corpos ... Todos saímos satisfeitos e felizes da sessão, com vontade de nos voltarmos a encontrar: o próximo encontro já ficou combinado para o dia 11 de outubro.
6 setembro 2014
Margarida Belchior
Divulgação de iniciativas e partilha de experiências de sociodrama na Educação, mas não só ...
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sábado, 6 de setembro de 2014
terça-feira, 19 de agosto de 2014
II Encontro: "Professores e Educadores: que futuro construímos hoje?"
Dia: 06/09/2014, 15h
"Um sonho sonhado sozinho é apenas um sonho, um sonho sonhado em conjunto torna-se realidade." Raul Seixas
Depois do primeiro encontro, onde nasceu a vontade de nos voltarmos a encontrar, vimos lançar o segundo encontro "Professores e Educadores: que futuro construímos hoje?", para irmos fortalecendo os fios com que tecemos esta rede, em construção. É uma rede aberta, por isso, mesmo que não tenha estado no encontro anterior, pode participar neste. E traga outro amigo/a: "Traz outro amigo, também".
A designação "educador/a" é aqui usada no sentido o mais amplo possível - no sentido em que todos somos de alguma forma e em algum momento educadores, quer na forma como nos relacionamos uns com os outros, quer no modo como nos preocupamos com as questões da educação (não apenas escolar), na atualidade.
Tal como no encontro anterior, também neste encontro serão utilizadas metodologias baseadas no sociodrama.
Tema: "O que é educar, hoje?"
Metodologias: Serão utilizadas metodologias que se fundamentam no sociodrama.
Data e horário: 06/09/2014 (sábado), 15h00 às 18h00.
Pequeno lanche: partilhado com o que cada participante quiser levar.
Dinamizadora: Margarida Belchior
Inscrição: Preencha AQUI o formulário.
Contribuição: 5 €.
Nota: Qualquer dúvida ou questão podem ser colocadas através do mail - belchior.margarida@gmail.com
Local: Quinta da Estrela, Areeiro, Costa da Caparica (consulte o mapa abaixo).
Ver Quinta da Estrela num mapa maior
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