domingo, 12 de outubro de 2014

Foi assim ... o III Encontro

Hoje, no III Encontro estiveram presentes cinco pessoas - duas "novas" e três "antigas" (duas professoras do 1.º CEB, uma educadora de infância, uma professora do secundário e uma instrutora de yoga para crianças). Tudo sobre a "relva" da nova sala da quinta da estrela, que se tem vindo a transformar gradualmente num local muito acolhedor. Um grupo intergeracional, com idades compreendidas entre os 31 e os 58 anos. No início deste encontro foram realizadas algumas dinâmicas de aquecimento que serviram também para nos apresentarmos umas às outras: as idades, o número de filhos de cada uma e os locais preferidos, surgiram exatamente dos axiogramas e do locograma efetuados. Também foi com o recurso a estas técnicas que foi dada continuidade à conversa sobre o cansaço do final da semana, que se tinha iniciado ainda sob a soleira porta.

Tudo intervalado com muita música e "passeios" pela sala para tornar bem presente o que cada uma sentia através do seu corpo.

Para que emergisse a temática da sessão, pedi para que cada uma pensasse numa situação que tivesse motivado a sua ida hoje ao grupo, que pedi fosse desenhada numa folha de papel (com pastel ou canetas de feltro). Surgiram ideias e temas muito diferentes: "um local de paz e amor para todos", incluindo as crianças - um amor e uma cabana; uma "clareira" para respirar e ajudar a viver no meio da confusão; o quentinho d'"A energia" do sol e o cansaço que vai secando as flores do jardim; o local da quinta e as suas árvores - a "Vida"; "o caminho" que queremos percorrer, mas que nos leva a nossa zona de conforto em direção ao desconhecido, ..., Imagens estas que foram associadas a ideias de bem estar para todos, de tranquilidade. Colocando os desenhos num lado da sala (o futuro) e as participantes do outro (no presente), situando-as no "caminho" a percorrer para chegarem à situação ideal (o futuro), perguntei-lhes o que as impedia de aí chegar. As respostas foram: a vontade, a falta de energia, o querer, ... Pedi então para que em grupo fizessem três estátuas, uma para cada etapa do percurso: o início, o meio e a proximidade da chegada. Em cada estátua pedi a cada uma que dissesse uma palavra de como se sentia e que tentasse ter uma visão do conjunto. Na primeira estátua havia uma desarticulação entre os membros: existia uma ponte, uma corredora em desequilíbrio, acompanhada de alguém que a ia puxando-a para trás, mas também com alguém que a sustentava, que era como que a sua fundação, o seu pilar.


 A segunda estátua tinha uma maior articulação interna: alguém que se lançava para a futuro, mas apoiada e protegida pelos restantes elementos do grupo. Na terceira estátua os elementos do grupo formaram uma corrente, com os vários elos entrelaçados entre si, em que uma ponta resistia ao andar para a frente, puxava o grupo para trás, e a outra estava quase a chegar ao futuro.


Fomos então tentar perceber o que nos assusta, o que nos faz medo ao sairmos da nossa zona de conforto em direção ao futuro. Cada uma falou dos seus medos: a doença, a perda, a subsistência, a falta de energia. Colocando os medos numa cadeira vazia, pedi a cada uma que falasse, dissesse aos seus medos o que desejava no momento. Os restantes membros foram convidados a amplificar o que cada uma tinha a dizer aos seus medos. Houve quem os reconhecesse, quem lhes virasse as costas, quem os conhecesse muito bem e até percebesse como eles lhe foram úteis; houve ainda quem se quisesse afastar para os olhar de longe e quem ao aproximar-se deles dizia até que sentia que eles deixavam de ser medos, que fazem parte de si, da sua vida, ou ainda que quisesse bater com força na madeira, "uma obsessão" que pode levar à loucura; houve ainda corpos que se contraiam provocando um aperto no peito, e que precisavam de se distender respirando fundo... vários membros do grupo foram fazendo de "duplos", foram amplificando o que estava a ser dito, e a forma como estava a ser dito. Acabámos com um momento de dança do grupo perante os medos.
Nesta sequência, do outro lado da sala foi colocada uma outra cadeira, onde cada uma foi convidada a sentar um ser / entidade que a ajudasse a lidar/viver com os medos. Surgiram várias árvores, a semente ou o grão de arroz, o chamã. Cada uma foi convidada a encarnar essa personagem, em simultâneo. Em seguida o grupo teve oportunidade de experimentar encarnar cada uma das personagens, à vez.
Seguiu-se o momento de partilha: falou-se das dificuldades de expressão e de estar em grupo perante um grupo de adultos e de como essas dificuldades ali tinham sido ultrapassadas; de como estes encontros são momentos de pausa e distanciamento de um quotidiano sugador, momentos de inspiração e expiração, para ganharmos forças para o que se passas à nossa volta; afinal temos tanta coisa em comum uns com os outros e como tudo está tão ligado e às vezes vivemos de forma tão isolada; como o que nos entra pela casa dentro, as guerras, as epidemias (o ébola), nos provocam medo, mesmo se não nos afetam diretamente, nem a nós nem aos nossos; como conseguimos encontrar recursos que estão ao nosso alcance para nos ajudar a lidar com os nossos medos.
Para encerrar foram ainda propostas e relizadas mais duas dinâmicas: a "pie chart" com a questão "sou único porque ...", e ainda jogo da "floresta mágica".

11/10/2014
Margarida Belchior

1 comentário:

  1. Obrigada pela partilha, fez-me lembrar algumas formações em especial as semanas do LOGO. Bjnhs

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